Voltei. Pois é, voltei de novo.
Não sei por quanto tempo nem por quantas postagens, mas estou aqui e isso é o
que interessa. Muitas coisas boas aconteceram desde o último post, muitos
livros lidos, viagens feitas, aulas dadas, projetos entregues e relações bem
cultivadas deram bons frutos. Coisas ruins também aconteceram. E é por isso que
2017 é um ano que, se eu pudesse, trancaria 90% dos seus dias num daqueles baús
com chaves, colocaria o baú naquele canto esquecido do sótão e nunca mais
sequer olharia para ele. Mas como não posso, considero que a melhor parte é que
2017 acabou.
Então vamos lá! 2018 já começa
com bons ares e um post Luxo da Semana. Numa bela manhã de sexta-feira recebo
uma mensagem da minha irmã dizendo: “Estou a um quarteirão de você. Tem tempo
para um café?”. Eram 11 da manhã. Olhei para a tela preta do Autocad aberta em
meu computador, com todas as linhas coloridas do projeto e pensei que não seria
nada mau escapar uma horinha. Sabia que a consequência disso seria ficar para
trabalhar até mais tarde, pois tinha me comprometido a terminar um projeto, mas
meu instinto me dizia que valeria a pena. E mais uma vez ele estava certo!
Passar uma hora conversando sobre
os mesmos assuntos de sempre poderia não ter nada de extraordinário, mas fazer
isso ao vivo, sem a intermediação de Whatsapp, num lugar novo e experimentando
novos sabores foi o que mudou tudo. O cenário da conversa chama-se Josephine e
Louise Café Bistrô. Um lugar pequeno, delicado, silencioso apesar de estar numa
rua extremamente movimentada, com uma trilha sonora invejável de bossa nova,
poltronas floridas, sofás vermelhos, reproduções de obras de arte famosas nas
paredes e xícaras com bordas douradas.
O cardápio não oferece uma
infinidade de opções, o que para muitas pessoas pode ser algo negativo, mas
para uma aquariana indecisa como eu é perfeito. Ainda assim pedimos a opinião
da garçonete que, simpatia de pessoa, nos aconselhou um café coado, cujo nome,
apesar de todos os meus esforços para lembra-lo, se perdeu. Devo ressaltar que
sou amante de cafés expressos e que cafés mais leves geralmente não fazem meu
coração bater mais forte. Dessa vez dei uma chance e qual não foi a minha
surpresa quando a garçonete (deveria ter perguntado o nome dela também)
apareceu na nossa mesa com uma balança, um bule de vidro, um coador de acrílico
poeticamente transparente e outro bule com água quente. Instalou tudo começou a
preparar o café delicadamente do nosso lado.
A bebida que surgiu tinha um tom
marrom dourado, muito diferente do encorpado marrom escuro dos cafés aos quais
estou habituada. Uma vez terminado o preparo, ela encheu nossas xícaras
floridas com a bebida com uma quantidade muito, mas muito superior ao dedinho
de expresso que geralmente peço. O resultado foi uma bebida levemente
adocicada, que no fundo lembrava o simples café, mas com vários toques aqui
inexplicáveis. Para acompanhar o café eu pedi um muffin de blueberry e minha
irmã um bolo de limão com frutas vermelhas. Faltam palavras para explicar os
sabores desses doces. Delicados? Equilibrados? Surpreendentes? Perfeitos?
Quando fomos até o balcão para
pagar surge do nosso lado uma taça imaculada de pannacotta com compota de
manga. Adiamos o pagamento e voltamos para a mesa, claro! Mais uma sequência de
sensações proporcionada pela sobremesa que não estava no cardápio.
Comecei o texto com o firme
propósito de escrever sobre o paladar daquele café e daqueles doces, mas não
sei se pela falta de treino de escrita ou se pela impossibilidade de
transformar em palavras algo que só pode ser sentido, rendo-me à
impossibilidade. Fica aqui a lembrança daquela hora, acompanhada pela promessa
de voltar e de repetir a dose. Quem sabe mais uma xícara, mais um prato ou mais
uma taça consigam melhorar a minha dificuldade de descrição.
Mas se eu fosse você, não
alimentaria a esperança de um texto que conte como é. Iria pessoalmente
conferir. Suas papilas gustativas serão certamente mais precisas e mais claras
que as minhas palavras!