quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Um Luxo por Semana: Josephine e Louise Café Bistrô

Voltei. Pois é, voltei de novo. Não sei por quanto tempo nem por quantas postagens, mas estou aqui e isso é o que interessa. Muitas coisas boas aconteceram desde o último post, muitos livros lidos, viagens feitas, aulas dadas, projetos entregues e relações bem cultivadas deram bons frutos. Coisas ruins também aconteceram. E é por isso que 2017 é um ano que, se eu pudesse, trancaria 90% dos seus dias num daqueles baús com chaves, colocaria o baú naquele canto esquecido do sótão e nunca mais sequer olharia para ele. Mas como não posso, considero que a melhor parte é que 2017 acabou.
Então vamos lá! 2018 já começa com bons ares e um post Luxo da Semana. Numa bela manhã de sexta-feira recebo uma mensagem da minha irmã dizendo: “Estou a um quarteirão de você. Tem tempo para um café?”. Eram 11 da manhã. Olhei para a tela preta do Autocad aberta em meu computador, com todas as linhas coloridas do projeto e pensei que não seria nada mau escapar uma horinha. Sabia que a consequência disso seria ficar para trabalhar até mais tarde, pois tinha me comprometido a terminar um projeto, mas meu instinto me dizia que valeria a pena. E mais uma vez ele estava certo!

Passar uma hora conversando sobre os mesmos assuntos de sempre poderia não ter nada de extraordinário, mas fazer isso ao vivo, sem a intermediação de Whatsapp, num lugar novo e experimentando novos sabores foi o que mudou tudo. O cenário da conversa chama-se Josephine e Louise Café Bistrô. Um lugar pequeno, delicado, silencioso apesar de estar numa rua extremamente movimentada, com uma trilha sonora invejável de bossa nova, poltronas floridas, sofás vermelhos, reproduções de obras de arte famosas nas paredes e xícaras com bordas douradas.

O cardápio não oferece uma infinidade de opções, o que para muitas pessoas pode ser algo negativo, mas para uma aquariana indecisa como eu é perfeito. Ainda assim pedimos a opinião da garçonete que, simpatia de pessoa, nos aconselhou um café coado, cujo nome, apesar de todos os meus esforços para lembra-lo, se perdeu. Devo ressaltar que sou amante de cafés expressos e que cafés mais leves geralmente não fazem meu coração bater mais forte. Dessa vez dei uma chance e qual não foi a minha surpresa quando a garçonete (deveria ter perguntado o nome dela também) apareceu na nossa mesa com uma balança, um bule de vidro, um coador de acrílico poeticamente transparente e outro bule com água quente. Instalou tudo começou a preparar o café delicadamente do nosso lado.


A bebida que surgiu tinha um tom marrom dourado, muito diferente do encorpado marrom escuro dos cafés aos quais estou habituada. Uma vez terminado o preparo, ela encheu nossas xícaras floridas com a bebida com uma quantidade muito, mas muito superior ao dedinho de expresso que geralmente peço. O resultado foi uma bebida levemente adocicada, que no fundo lembrava o simples café, mas com vários toques aqui inexplicáveis. Para acompanhar o café eu pedi um muffin de blueberry e minha irmã um bolo de limão com frutas vermelhas. Faltam palavras para explicar os sabores desses doces. Delicados? Equilibrados? Surpreendentes? Perfeitos?

Quando fomos até o balcão para pagar surge do nosso lado uma taça imaculada de pannacotta com compota de manga. Adiamos o pagamento e voltamos para a mesa, claro! Mais uma sequência de sensações proporcionada pela sobremesa que não estava no cardápio.



Comecei o texto com o firme propósito de escrever sobre o paladar daquele café e daqueles doces, mas não sei se pela falta de treino de escrita ou se pela impossibilidade de transformar em palavras algo que só pode ser sentido, rendo-me à impossibilidade. Fica aqui a lembrança daquela hora, acompanhada pela promessa de voltar e de repetir a dose. Quem sabe mais uma xícara, mais um prato ou mais uma taça consigam melhorar a minha dificuldade de descrição.


Mas se eu fosse você, não alimentaria a esperança de um texto que conte como é. Iria pessoalmente conferir. Suas papilas gustativas serão certamente mais precisas e mais claras que as minhas palavras!